Chris standing up holding his daughter Elva

Em um cenário sem sobressaltos, o país deve voltar a crescer no terceiro semestre de 2021. Essa hipótese foi trabalhada por Paulo Springer de Freitas, professor de economia do setor público na UnB e na FGV  (Fundação Getúlio Vargas), durante palestra exclusiva da LCA Consultores na CNT (Confederação Nacional do Transporte).   

O professor, porém, adverte que algo já não ia bem antes da pandemia. “A dívida pública explodiu este ano e já supera 100% do PIB, mas a verdade é que a relação dívida pública/PIB já vinha muito mal em 2019. O problema é de onde partimos”, explica. “Ausência de reformas, ambiente de negócios, gargalos de infraestrutura – tudo isso minou nossa capacidade de crescimento”, continua.

“A gente não pode esperar grande crescimento no ano que vem. Será algo em torno de 1,5%”, prevê. Com o investimento público tendendo a zero e a dificuldade de atrair o capital privado, o especialista admite que é tentador relaxar a disciplina fiscal. “Só que gastar mais não é a solução. Embora seja contracionista, ter uma âncora fiscal crível é o melhor que se pode fazer. Temos que transmitir segurança aos agentes econômicos de que a dívida pública é sustentável”, argumenta.

Nossa atual âncora fiscal – a regra do teto de gastos – poderá ser revista em algum momento. “Tirar o teto talvez seja inexorável, mas teria de ser propor outra âncora no lugar. Contudo, o pior dos mundos seria manter o teto e fazer maquiagem fiscal – seria pior do não substituir por nada”, acredita Freitas.

Apesar dessas preocupações, o professor enumera uma série de aspectos positivos e que tendem a impulsionar a retomada nos próximos meses. O primeiro deles é a possibilidade de a crise sanitária estar contornada já no primeiro semestre de 2021, a partir de uma vacinação em massa. O segundo é que, com juros e inflação historicamente baixos, haverá oferta de crédito no mercado.

Em terceiro lugar, a valorização do dólar frente ao real facilita as exportações e confere competitividade a produtos brasileiros. “É também questão de ver o copo cheio ou vazio. Um copo cheio é a normalização do consumo. Inclusive, pode ocorrer ‘despoupança’, visto que o brasileiro guardou dinheiro durante a pandemia”, pondera.

Freitas aposta, ainda, em avanços legislativos, como o encaminhamento da chamada PEC do Pacto Federativo (PEC 188/2019). “Se a proposta avançar, os estados endividados deixarão de pressionar a União, o que é muito positivo”, avalia.  

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