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A indústria 4.0 já existe em todo mundo e colocou em prática conceitos até então desconhecidos, como Internet das Coisas, robótica avançada, analytics e big data. A tecnologia cresceu de forma exponencial e trouxe grandes facilidades para mercados diversos, entre eles o de suprimentos e logística, que, desde então, vem adotando o chamado Supply Chain 4.0. Mas o que é esse processo exatamente?
O assunto foi um dos destaques da Intermodal South America 2019, realizada na semana passada, em São Paulo. O processo garante que a gestão da cadeia de suprimentos seja mais integrada, dos fornecedores aos clientes, e que as decisões sobre custo, estoque, e atendimento sejam tomadas em uma perspectiva de ponta a ponta, e não isoladamente, por função. Com isso, a cadeia de abastecimento torna-se mais rápida, flexível, detalhada, precisa e eficiente.
De acordo com o João Pedro Castelo Branco, da McKinsey & Company, a cadeia de suprimentos é balizada por três variáveis básicas: rapidez na mudança de expectativas dos clientes, com tendência de individualização a partir do celular; foco na conveniência; e super sensibilidade ao preço. “A demanda e o comportamento do consumidor são afetados pela grande quantidade de opções que temos e pela forma como resolvemos nossa necessidade. Isso gera obrigação de precisão e de integração na cadeia”, explica. Segundo ele, as empresas estão mudando a forma de operar para se adaptarem às necessidades dos consumidores.
Nesse contexto, surgem máquinas com grande capacidade computacional, que analisam dados de forma mais dinâmica do que seres humanos. “Precisamos de profissionais capazes de interagir com todo o conhecimento gerado para receber inputs e trabalhar a viabilidade da máquina.” Entre as possibilidades geradas estão, por exemplo, a automação de veículos para tarefas repetidas, impressão 3D e, até mesmo, entregas em locais não usuais. “Quem disse que hoje eu preciso entregar um produto na sua casa? Eu posso entregar no porta-malas do seu carro. A Amazon já opera dessa maneira”, pontuou.
E as outras empresas?
Várias empresas vêm usando o Supply Chain 4.0 nas entregas de seus produtos. A Autotrack, por exemplo, monitora todo o ciclo operacional das cargas transportadas de caminhão, desde a coleta até a entrega. Cada etapa do processo é verificada, como a rota percorrida, tempo de direção, acidentes, temperatura da carga, perfil do condutor, uso de combustível e de pneu. “A ideia é que monitoremos indicadores que alimentam nossa cadeia. Com isso, nossa operação logística se torna muito mais eficiente”, explica Márcio Toscano, diretor-executivo da empresa.
O Mercado Livre, plataforma de tecnologia que oferece serviços de e-commerce para toda a América Latina, também adotou as vantagens de uma cadeia de abastecimento complexa desde 2013. “Optamos por não ter estoques. Construímos tecnologias paras fazer com que empresas possam anunciar seus produtos e para que compradores possam receber”, conta o diretor Leandro Bassoi.
Segundo ele, a mudança de paradigma veio a partir da necessidade de modernização da plataforma e de melhoria da experiência de compra dos usuários. Um dos processos de geração e acúmulo de dados foi a partir da criação de uma interface com os Correios. “No momento da compra, o Mercado Livre gerava uma etiqueta dos Correios para o fornecedor. Quando ele enviava a mercadoria ao cliente, a gente recebia essa informação. Isso gerou muita eficiência aos nossos processos.”
Outro exemplo de eficiência vem da atuação da empresa na Argentina. Como grande parte das mercadorias do país é entregue por meio de motoqueiros, a plataforma criou um aplicativo de celular para esses profissionais. Antes de iniciarem o trajeto, eles entram na ferramenta, acionam a função de leitura do código de barras impresso na caixa, e, em seguida, geram dados do trajeto feito pelo motorista. “O Mercado Livre trabalha sempre com tecnologia. A gente não se dá por vencido até melhorar. Nossa meta principal é oferecer excelência na execução e gerar valor para os usuários”, conclui Bassoi.
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