Mesmo com sinais de recuperação, o Brasil ainda sente os efeitos de uma das suas mais agudas recessões econômicas. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o país já soma mais de 12 milhões de desempregados. Tal cenário afetou diretamente o transporte, que depende de mão de obra maciça, e contribuiu para reconfigurar o mercado de trabalho, refletindo até nos processos de seleção de pessoal.
Atualmente, há muitos candidatos que, apenas por necessidade, habilitam-se a vagas incompatíveis ao seu perfil ou que desconhecem a existência de oportunidades na sua área, por falta de ampla divulgação. Tudo isso torna as triagens mais complexas e podem resultar em escolhas que, posteriormente, comprometem a produtividade das empresas. Uma das respostas a essa questão, porém, pode estar no uso da tecnologia.
Pensando nisso, o SEST SENAT lançou o
Emprega Transporte, uma ferramenta gratuita que reúne talentos e oportunidades do setor em um só lugar. A plataforma tem o objetivo de facilitar a interação entre profissionais e empregadores e, assim, contribuir para a inserção de trabalhadores no mercado e para a otimização dos processos de recrutamento.
No Emprega Transporte, os profissionais – alunos e ex-alunos do SEST SENAT – cadastram seus currículos, o que permite às empresas que busquem aqueles que tenham o perfil mais adequado aos postos de trabalho. Além disso, as empresas podem divulgar as vagas disponíveis e, assim, os trabalhadores ficam sabendo e podem se candidatar para as oportunidades que estão abertas.
Para a diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart, trata-se de uma iniciativa inovadora no setor de transporte, já que os departamentos de recursos humanos têm apostado em soluções tecnológicas nas suas seleções a fim de simplificar suas rotinas, ser mais assertivos na busca por profissionais que tenham aderência às vagas oferecidas e aumentar a eficiência. Segundo especialistas, os canais digitais vêm ressignificando o recrutamento, e boa parte dos empregadores e headhunters – especialistas em encontrar os melhores talentos para as empresas – já usa mídias sociais e plataformas digitais como forma de captação.
Nicole Goulart comenta que o recrutamento é o primeiro passo para reunir profissionais aptos a assumirem as vagas em aberto, podendo as ações desse processo impactar positiva ou negativamente toda a cadeia da gestão de pessoas. “Precisamos, cada vez mais, de mão de obra qualificada no setor de transporte, e o SEST SENAT, ciente da sua missão e dos seus valores, vem fazendo a sua parte nessa área. O Emprega Transporte vai possibilitar a sistematização de informações essenciais para oferecer mais um serviço aos transportadores”, explica.
É importante destacar que o sistema do SEST SENAT não faz a gestão dos processos seletivos e não tem controle nem influência na seleção dos candidatos.
A ferramenta
Entre as principais vantagens do Emprega Transporte, está o fato de que ele é voltado especialmente para o transporte, reunindo profissionais com qualificação para o setor tanto para as atividades-fim quanto para as atividades-meio das empresas.
Para Débora Abade, gerente de recursos humanos da Vix Logística, especializada em locação e gestão de frotas, traslados de pessoas e movimentação de cargas, a ferramenta contribuirá para otimizar os processos de recrutamento da sua empresa, que tem mão de obra intensa. Atualmente, a Vix conta com 8.500 empregados e, no primeiro trimestre de 2018, realizou mais de 1.000 contratações. “A iniciativa direciona esforços e reduz o tempo na busca por profissionais mais qualificados. Essa parceria com o SEST SENAT é fundamental, pois é a certeza de que teremos profissionais com alto nível de capacitação, além de conferir amplitude aos currículos dos candidatos.”
Mercado
Embora ainda esteja num estágio incipiente no Brasil, essa forma de contratação já coleciona experiências bem-sucedidas. Para as empresas, o principal desafio é administrar todas as informações disponíveis. No caso dos profissionais, o elemento-chave é fornecer os dados que o recrutador está procurando a fim de cair no filtro e ser chamado para a entrevista. Essa é a avaliação do head de recrutamento e seleção da Stato, consultoria de movimentação de talentos, Raul Gama. Segundo ele, “quem, hoje, não está digitalizado está praticamente excluído do mercado formal de trabalho.”
Vale lembrar, porém, que o Brasil fechou 2016 com 116 milhões de pessoas conectadas à internet, o equivalente a 64,7% da população com idade acima de dez anos. As informações são da Pnad C (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). Isso quer dizer que o país possui ainda uma parcela expressiva dos seus habitantes sem acesso básico à internet. O head de recrutamento da Stato argumenta, entretanto, que a popularização de plataformas online de empregos contribui, de certa forma, para mitigar essa desigualdade por motivar os candidatos a saírem da sua zona de conforto e buscarem se familiarizar com a tecnologia.