Chris standing up holding his daughter Elva

Mesmo com registro de grandes volumes transportados — 15 bilhões de toneladas de produtos; 3 bilhões de litros de derivados de petróleo — a navegação no Rio Madeira enfrenta problemas de infraestrutura. São acessos aos terminais cheios de buracos, longas filas de caminhões, falta de segurança e de infraestrutura margeando os portos. Somado a isso está a falta de perspectiva para novos investimentos na região.

Esse foi o tema do evento “Capital da Navegação”, realizado nesta quarta-feira (6), em Porto Velho (RO). Organizado pela Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária), o objetivo do encontro, que reuniu transportadores e representantes dos governos federal e estadual, foi discutir os principais problemas que ainda impedem o desenvolvimento da navegação na região Norte do país.

Para o vice-presidente de transporte aquaviário da CNT e presidente da Fenavega, Raimundo Holanda, é preciso que exista união para que o governo ouça as reivindicações. “Precisamos mudar essa situação, devido a importância do modal e o que ele representa. Aqui nos portos de Porto Velho, por exemplo, temos a saída de toda a produção de Rondônia, além do açúcar do Mato Grosso, entre outros produtos. Temos uma média de 100 mil carretas de derivados de petróleo passando por aqui todos os anos. Além disso, temos operação de contêiner e de carga geral e tudo é feito na marra”.

Holanda ainda cita que falta investimento e apoio público. “Trabalhamos sem investimento e sem respaldo do poder público. Precisamos de asfalto e de muita coisa, tudo que é da inciativa privada está pronto. A navegação aqui só existe porque não desistimos. Já investimos mais de R$ 4 bilhões nos portos privados em Porto Velho”.  

De acordo com o estudo divulgado recentemente pela CNT — Aspectos Gerais da Navegação Interior no Brasil — na região Hidrográfica Amazônica, somente em 2018, foi transportado um volume total de cerca de 63 milhões de toneladas. Outro ponto a se destacar na navegação é o custo mais barato da operação e a menor emissão de poluição. Um comboio com quatro barcaças equivale a 160 carretas. No rio Madeira (AM) já foram feitas navegações com 20 barcaças levando 50 mil toneladas, o que representa duas mil carretas.

E mesmo com todo esse potencial, a falta investimento no modal é quase uma regra. Entre os anos de 2011 e 2018, os investimentos na navegação interior do Brasil representaram, em média, apenas 10,6% do valor considerado nos principais planos de governo para o setor (no âmbito federal), tais como o PNLT (Plano Nacional de Logística e Transportes) e o PHE (Plano Hidroviário Estratégico). O valor investido é 52,9%, em média, do orçamento autorizado para a navegação interior executado de 2001 a 2018.

E a falta de investimentos e de infraestrutura acabam trazendo dificuldades para as empresas que operam na região, como destaca Rildo Oliveira, presidente da CNA (Companhia de Navegação da Amazônia). “Não temos infraestrutura. Navegamos porque os rios nos deixam navegar. Não temos infraestrutura para chamarmos o Madeira de hidrovia. Não existe sinalização, balizamento ou dragagens. Temos uma batalha diária para navegar nesses rios”.

Embora as vias navegáveis no país sejam chamadas de hidrovias, o país não tem, de fato, hidrovias nos moldes que esse tipo de infraestrutura requer. O sistema Tietê-Paraná é o que mais se aproxima do ideal. Mas ela não foge à regra da realidade dos rios brasileiros e também convive com a falta de investimentos como destaca o presidente do Sindasp (Sindicatos dos Armadores de Navegação Fluvial do Estado de São Paulo), Luizio Rizzo. “A maior dificuldade da hidrovia está na falta de credibilidade. Pois, temos várias obras paradas que não foram concluídas. Com isso as empresas não sentem confiança para investir”.

Todo esse cenário de dificuldade acaba transformando os armadores em “verdadeiros heróis”, de acordo com o presidente da Fetramar (Federação das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros dos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia), Irani Bertolini.  Os armadores são heróis e nossos profissionais são mais ainda, pois navegam nessa hidrovia precária que é o Madeira”.

A segunda edição do” Capital da Navegação”, contou ainda com representantes da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), da SOPH (Sociedade de Portos e Hidrovias do Estado de Rondônia), do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), da Marinha do Brasil, do Sindarma (Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas), da Sobena (Sociedade Brasileira de Engenharia Naval), entre outras autoridades.

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