Chris standing up holding his daughter Elva

A CNT (Confederação Nacional do Transporte) promoveu, nesta segunda-feira (23), o seminário virtual “Sinalização: Panorama Atual, Programas de Gestão e Segurança Viária" (clique aqui para assistir). O evento foi transmitido pelo canal da CNT no YouTube e debateu temas relativos a programas de melhoria da sinalização em rodovias do Brasil; a sinalização como fator de segurança; o futuro da sinalização rodoviária; e os impactos da sinalização na gestão do tráfego. 

Conforme o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, no caso do Brasil, quando se fala de sinalização em rodovias federais, o menor índice de mortes por acidentes ocorre em locais bem sinalizados. "Sinalização boa ou ruim define parâmetros de segurança. Quando o pavimento é bom e inexistem faixas centrais, o risco de morte sobe 47%. Os números demonstram que é preciso dar mais atenção para a sinalização e para os dispositivos de segurança." Bruno Batista ainda destaca que muito já foi feito em programas federais, mas que ainda é preciso mais. "Desde 2006, houve três programas de sinalização no Brasil: o Prosinal, o Prodefensas e o BR- Legal. Notamos que, desde 2004, existe um processo de melhoria da sinalização. Porém, foram 14 anos para que isso acontecesse, e a manutenção dos programas oscila muito." O diretor-executivo da CNT ainda fala que os investimentos vêm sofrendo uma queda, e que é preciso ter gerenciamento e cronogramas mais assertivos. "De 2018 para 2019, o volume de recursos para o BR-Legal vem caindo, comprometendo a segurança rodoviária e trazendo uma piora da situação. Faltam empresas para o gerenciamento, e existe uma carência de fiscalização por parte de órgãos do governo, além de intervenções que não são executadas, atrasos por falta de projetos e de priorização de trechos críticos."                          

O estudo Acidentes Rodoviários e a Infraestrutura, divulgado pela CNT em 2018, mostra que os maiores índices de óbitos nas BRs ocorrem em trechos com problemas na sinalização (que receberam classificação regular, ruim e péssimo). Foram 11,4 mortes a cada cem acidentes. O número chega a ser 9,6% maior do que nos trechos com avaliação positiva (ótimo ou bom), que tiveram 10,4 mortes por cem acidentes. 

Já em relação à ocorrência de acidentes, os trechos rodoviários com sinalização ruim ou péssima lideraram as estatísticas, com o índice chegando a 13 mortes a cada cem acidentes em cada uma das situações. O menor registro ocorre em trechos com sinalização ótima, sendo 8,5 mortes por cem acidentes, 34,6% menor do que em trechos considerados ruins ou péssimos. 

O coordenador-geral de Segurança Viária da PRF (Polícia Rodoviária Federal), Agnaldo do Nascimento Filho, frisa que, dentro dos fatores causadores de acidentes, um dos principais é a sinalização. "Questões como a faixa contínua e tracejada podem causar acidentes em rodovias federais de pista simples. Em alguns acidentes onde se constata a falta de atenção, a sinalização é inexistente. A qualidade do pavimento e da sinalização interfere diretamente na questão dos acidentes."

Para o presidente-executivo da Abeetrans (Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Trânsito), Silvio Médici, além dos acidentes e das vidas perdidas, outro ponto que merece atenção é a economia. "Participamos dos projetos do governo federal e, no caso do BR- Legal, foi um dos únicos que conseguimos medir a questão financeira. E, em todas as regiões, houve reduções significativas de mortes. Para cada R$ 1 investido em sinalização, houve uma economia de R$ 5." 

O presidente da Absev (Associação Brasileira de Segurança Viária), Mario Escobar, destaca que é preciso dar continuidade aos programas que estão sendo executados. "O BR-Legal foi um sucesso em vários pontos. O principal ganho foi separar as verbas do que é manutenção e o que é sinalização. Estamos esperando o BR-Legal 2 para que o processo continue. Uma boa sinalização é primordial, pois a frota continua crescendo em proporção maior que a malha. É preciso apresentar a economia com a prevenção de acidentes."

O Boletim Economia em Foco, elaborado em maio pela CNT, mostra que os 67.427 acidentes ocorridos em rodovias no ano passado custaram ao Brasil R$ 10,28 bilhões em perdas de vidas, produção e bens. Quando olhamos apenas para a última década, os valores chegam a R$ 156,06 bilhões perdidos entre 2009 e 2019. 

O levantamento ainda mostra que o montante com perdas nos últimos dez anos (R$ 156,06 bilhões) se aproxima dos investimentos destinados à infraestrutura e manutenção das atividades da PRF, que foi de R$ 172,06 bilhões no mesmo período analisado. 

A responsável pela área de relações governamentais para a América Latina da Divisão de Segurança no Trânsito da 3M, Paula Helena Suarez Abreu, fala que o desafio é fazer com que as melhorias das estradas saiam do diagnóstico e entrem em execução. "É preciso ser uma questão de Estado. A solução é ordenar esforços para ações que virem um plano de execução. Sabemos que a questão fiscal impediu investimentos, mas é preciso fazer cada vez mais. É o momento de pensar em infraestrutura e logística e, principalmente, em salvar vidas."

CNT lança estudo sobre sinalização rodoviária

A CNT (Confederação Nacional do Transporte) lança, nessa terça-feira (24), às 9h, no seu site, o estudo Transporte Rodoviário – Sinalização. A publicação caracteriza a sinalização das rodovias brasileiras, destacando as suas condições e os aspectos de padronização.



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