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O excesso de restrições aos caminhões nas principais regiões metropolitanas do país impõe desafios ao setor transportador. Para que se garanta o abastecimento das cidades e a circulação desses veículos ocorra de forma harmônica com o trânsito cada vez mais intenso, sobretudo nas grandes metrópoles, a CNT (Confederação Nacional do Transporte) propõe soluções no estudo Logística Urbana: Restrições aos Caminhões?, divulgado na última segunda-feira (16).

Entre as propostas da Confederação, estão a ampliação dos investimentos em infraestrutura, especialmente em anéis viários, o aumento da segurança e da disponibilidade de locais de parada e descanso, a ampliação da oferta de vagas de carga e descarga, melhorias na sinalização e na fiscalização do trânsito e o aprimoramento das políticas públicas de planejamento.

Para a professora do Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Leise Kelli de Oliveira, é preciso haver planejamento de médio e longo prazos nas cidades. “O grande problema está nos congestionamentos. E eles acontecem em decorrência da baixa qualidade do transporte público, que leva as pessoas a migrarem para os automóveis. Em uma escala de problemas, o caminhão é o que menos atrapalha”, acredita.

Leise avalia que, por conta da imagem de que os caminhões causam grandes transtornos ao trânsito, esse tipo de veículo acaba sendo mais penalizado que os automóveis, com um número exagerado de restrições. “Por que não restringem o uso de carros? Porque dentro dos automóveis existem eleitores. Nos caminhões, só tem carga. Isso tem que mudar. Se o excesso de restrições fosse bom, não haveria tanto congestionamento”, pondera.

Paulo Lustosa, presidente do Setceg (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Estado de Goiás), compartilha da ideia de que a causa dos grandes congestionamentos nas cidades não são os caminhões, mas sim a falta de investimento em infraestrutura e em transporte de massa. “Goiânia vai fazer 100 anos em 2033 e ainda tem o mesmo sistema viário até hoje. As ruas são asfaltadas, mas não foram alargadas e projetadas para a grande demanda de veículos. Resultado: a cidade fica congestionada. Como fazemos com o abastecimento? As pessoas enxergam o caminhão como vilão, mas precisam entender que ele é necessário.”

Lauro Valdívia, assessor técnico da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), acredita que os pontos de carga e descarga são uma boa solução para desafogar o trânsito nas regiões metropolitanas, assim como a criação de centros de distribuição, com possibilidade de recebimento da carga à noite, em veículos grandes, e redistribuição, durante o dia, em veículos menores. “Mas, para isso, a gente depende do setor público. Ele define as políticas que impactam a vida dos transportadores, mas a nossa participação nesse processo ainda é muito pequena.”, acredita.     

Estudo


O estudo da CNT avalia as condições do transporte de carga em sete regiões metropolitanas do país: São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Goiânia (GO), Recife (PE) e Manaus (AM). A Confederação também constatou uma variedade de regras e de restrições à circulação de caminhões em centros urbanos, somada a problemas de infraestrutura, sinalização e fiscalização, entre outras deficiências que têm impacto sobre a atividade transportadora. 

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