Chris standing up holding his daughter Elva
Nada é por acaso. Quando você entra no seu veículo e, por um milissegundo, aprecia o peso do volante nas mãos, saiba que o pessoal do jaleco trabalhou muito para isso. Então, você gosta da força exibida pelo motor nas retomadas? Fica bobamente satisfeito(a) com a facilidade com que o porta-malas destrava? E adora o zumbido dos retrovisores sendo reposicionados? Tudo isso é obra dos “homens de branco”.

Obsessão é uma palavra que define bem a validação veicular. A atividade é amiga da engenharia experimental e vem ao mundo praticamente no mesmo instante em que um conceito migra da cabeça para o papel. Na indústria automotiva, como em qualquer outra, uma novidade só chega ao público após anos de pesquisa. 

Os testes podem até ser brutos, mas a validação sempre será metódica. “A gente está falando de uma dimensão que pode variar do projeto de um componente ao projeto de um sistema ou até de um veículo completo”, explica Rafael Barreto, engenheiro-chefe de validação e verificação da Volvo América Latina. Novos modelos são sempre muito aguardados. “Mas, entre esses grandes lançamentos, existem necessidades menores dos clientes”, ressalva o especialista.   

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Outro equívoco é pensar que lançamentos são 100% originais. “A gente precisa lembrar que tudo é evolução. Já existe uma base anterior, um conhecimento estabelecido”, esclarece Camilo Adas, gerente sênior de desenvolvimento de testes de caminhões da Mercedes-Benz. Dito assim, parece até um ramo conservador. “Mas acontece que a tecnologia avança. A demanda avança”, cutuca Adas. 

Basicamente, o pessoal da validação trabalha, sem parar, em aperfeiçoamento. Ou estão fazendo modificações sob demanda do cliente, ou estão fazendo o ajuste fino de algum atributo (feature) – aquilo que o cliente bate o olho com uma expectativa de qualidade. “O que validamos são os features daquele projeto que está mudando. Se o projeto prevê uma carga maior, vou validar os atributos referentes a esse aspecto. Como o motor vai se comportar? E a embreagem? Qual será a durabilidade dos componentes?”, instiga Rafael Barreto. 

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Simular o Brasil

Estamos falando de coisas como consumo de combustível, durabilidade, confiabilidade e do quanto esses atributos podem variar de acordo com a encomenda do cliente. Por exemplo: “Fabricante, construa uma pequena frota com caçamba de 74 toneladas para rodar tantos quilômetros em chão batido”. Esse é o desafio. 

Além disso, há um cuidado extra na hora de “importar” projetos. “A primeira questão é a infraestrutura viária. As estradas brasileiras têm características diferentes das europeias — possuem mais agressividade, poeira e lama. Depois, analisamos as questões próprias do mercado”, ensina Camilo Adas. “De fato, falamos em processo de nacionalização, porque você tem de trabalhar com fornecedores nacionais, usar materiais disponíveis no mercado nacional”, continua. 

Para simular as rigorosas condições brasileiras, a Mercedes-Benz investe bastante em testes de campo, que se tornaram ainda mais sofisticados após a inauguração de 16 pistas em Iracemápolis (SP) em maio de 2018. Os testes de durabilidade são implacáveis. “Dez mil quilômetros rodados em uma pista de teste equivalem a 80 mil quilômetros na rua”, calcula o piloto de testes Cesar Urnhani. 

A Volvo, que tem orgulho de exigência do seu protocolo de testes, não se apieda dos protótipos. “Sim, há testes de estresse. Eles visam ao atributo da durabilidade, e isso implica fazer ensaios destrutivos. Em seis meses de testes, é como se o veículo tivesse rodado 12 anos no mercado”, confirma Rafael Barreto, da Volvo.

Parece até um sadismo automobilístico, mas os propósitos são nobres. “A gente testa os componentes para ter uma visão da falha – como e quando ocorrerá”, prossegue Rafael Barreto. Esse conhecimento afasta duas situações indesejadas: riscos de segurança ao motorista e riscos de parada não planejada. “Você imagina um cliente transportando carga perecível. Não é aceitável que ele fique parado”, aponta o engenheiro. 

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