Chris standing up holding his daughter Elva
?Mais comuns nos metrôs da Europa e da Ásia, as portas de plataforma podem ser um importante ativo às estações brasileiras. Os equipamentos são capazes de evitar atrasos por conta de interferências de usuários no fechamento das portas dos trens e, principalmente, impedir quedas nas vias e acidentes graves. A implantação dos dispositivos, porém, não é tão simples. É preciso preparar a plataforma para receber todo o peso do equipamento, além de adaptar sistemas que interajam com os trens para sincronizar a abertura e o fechamento de ambas as portas.

No Brasil, apenas a cidade de São Paulo conta com tal tecnologia. As linhas 4-Amarela e 15-Prata possuem portas em toda a sua extensão. A Linha 2 e a Linha 5 têm, respectivamente, três e duas estações com o equipamento, enquanto a Linha 3, apenas uma estação. Mas a capital paulista pode ir além nos próximos anos. Para reduzir as interferências provocadas por invasões aos trilhos e aumentar a segurança, o Metrô-São Paulo planeja retomar um antigo projeto de instalação de portas automáticas nas plataformas das estações.

Isso se deve ao fato de, entre 2015 e 2017, o metrô paulista ter registrado aumento de 41% dos casos de invasão nas linhas de metrô da capital paulista, conforme levantamento da própria companhia. São pelo menos dois casos por dia em razão de quedas de usuários ou objetos, vandalismo, imprudência ou tentativas de suicídio. A ocorrência desses fatos prejudica as operações e traz insegurança aos usuários. No ano passado, cada interrupção da via paralisou a circulação de trens na linha em quatro minutos, em média.

Para mitigar o problema, o Metrô-SP lançou edital de licitação internacional para a instalação dos dispositivos de segurança em 36 estações das linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha, as mais antigas do sistema paulista — inauguradas em 1974, 1991 e 1979, respectivamente. O custo estimado chega a R$ 70 milhões. O Metrô afirma já ter previsão orçamentária para o projeto em 2019. O prazo para implantação é de 56 meses. Outro contrato prevê a instalação das mesmas portas em outras cinco estações da rede até 2021. Em nota, a companhia informa que “as portas serão implantadas nas estações de maior demanda e permitirão a redução do número de interferências na via, aumentando a regularidade da circulação dos trens e a segurança dos usuários”. A licitação também engloba fornecimento de simuladores para testes e implantação de centros de monitoramento das operações.

O diretor-executivo da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), João Gouveia, afirma que a porta de plataforma aumenta a eficiência, pois torna quase impossível que o passageiro provoque interferência nos trilhos. “Qualquer incidente na via pode provocar um efeito cascata, atrasar todas as viagens e levar ao caos. Quando se reduz a chance de incidentes, as viagens ocorrem dentro do planejado, e o sistema funciona melhor.” 

Necessidade

Gouveia explica que o mais comum é instalar as portas quando há o automatismo integral da via, como ocorre na Linha 4 de São Paulo, mas salienta que já existe uma tendência de lançar mão da tecnologia em linhas mais antigas. “Os ganhos são bastante importantes por evitarem fatores de perturbação operacional por conta de qualquer objeto na linha. As portas, além de aumentarem substancialmente os índices de segurança, contribuem significativamente para organizar o embarque e o desembarque, aperfeiçoando a movimentação e permitindo a realização de manobras automáticas, sem que haja essa perturbação nas estações.” Em grandes eventos, Gouveia exemplifica que é possível reduzir eventuais tumultos e pânicos. 

Para a implementação da tecnologia, no entanto, ele esclarece que é necessário avaliar a demanda de cada estação e a segurança operacional e dos usuários. “O Metrô de São Paulo tem uma demanda altíssima, transportando 4 milhões de passageiros por dia. Ou seja, conta com estações muito cheias, com riscos de tumulto ou de perturbação da operação.”

Viabilização

As novas portas nas plataformas do Metrô-São Paulo deverão ter, no mínimo, 2,10 metros de altura e só deverão abrir depois da parada do trem na plataforma, para permitir a entrada e a saída de passageiros dos vagões. No novo contrato, uma preocupação está ligada ao peso das portas. Grande parte das plataformas foi projetada ainda na década de 1970 e não contava que estruturas tão pesadas como as portas automáticas fossem colocadas sobre elas. Uma solução de engenharia terá que ser planejada.
Outro desafio é como montar as portas sem atrapalhar as operações do Metrô. Para isso, a companhia reservou à futura contratada apenas a madrugada — no intervalo entre 1h30 e 3h45. O Metrô acredita que a instalação das portas em módulos, como se fossem blocos de montar, deve agilizar toda a operação.



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